A presidenta da Associação dos Artesãos e Produtores Caseiros de Mário Campos, Monica Reider, comenta que o maior legado que a associação quer deixar através das suas atividades, é o de ajudar e ver os cidadãos da cidade crescendo e se destacando profissionalmente; cursos pelo site: www.aartemc.com.br

*Da Redação

Aliviar os problemas sociais, como, a falta de educação básica, a miséria, a precariedade da saúde e também a fome. Esses são alguns dos focos dos trabalhos sociais feitos por muitas associações no Brasil, no entanto, uma vem ganhando destaque pela sua história e principalmente, pela sua dedicação ao próximo, que é a Associação dos Artesãos e Produtores Caseiros de Mário Campos (AARTEMC). Localizada na cidade de Mário Campos – Minas Gerais, a entidade que foi criada pelo esforço e pela união de diversos profissionais, tem o foco de ajudar crianças, jovens, adultos e idosos através do trabalho social na área de artesanato e demais e por isso, tem sido tão relevante para o município mineiro.

Em entrevista, Monica Reider, presidenta da AARTEMC, com uma larga experiência em trabalhos sociais, fala sobre a história da entidade, os desafios enfrentados e participações em outras feiras fora da cidade, ou seja, para a divulgação da entidade. Além disso, fala sobre a Mostra Cultural, que no ano passado reuniu diversos talentos da região e foi abraçada pela cidade. Fora isso, ela fala também sobre o legado que a associação quer deixar, ou seja, para todos que acreditam que o caminho está na solidariedade e em ajudar o próximo. Confiram:

– Como surgiu a Associação dos Artesãos e Produtores Caseiros de Mário Campos (AARTEMC)?

A associação surgiu há muitos anos atrás, quando o município foi emancipado no ano de 1996, assim, um grupo de mulheres se juntou para tentar criar uma associação de artesãos. O nome era Associação dos Artesãos de Mário Campos (ARTMAC) e com ela fizemos um bom trabalho, tendo o apoio da prefeitura. Tínhamos muitos artesãos associados e nessas atividades abrangemos o espaço mulher criado pela nossa querida amiga Ivanilda. Só que com o tempo, algumas coisas não deram certo e por esse motivo, acabou que o grupo ficou parado, porém, no ano de 2012, começamos a nos reunir novamente para voltar a associação. Tivemos o apoio do antigo prefeito que lutava pela causa e com isso surgiu o nome AARTEMC. Ou seja, antes era Associação dos Artesãos de Mário Campos (ARTMAC) que depois veio a se tornar a Associação dos Artesãos e Produtores Caseiros de Mário Campos (AARTEMC). No entanto, me recordo que quando era ARTMAC, não tínhamos documentação, por isso, quando nos reunimos novamente, regularizamos a associação, e ela se tornou de utilidade pública. Logo a EMATER fez uma proposta de agregar os produtores caseiros e assim fizemos a parceria com ela. Com isso, fomos participar da Festa do Mel em Santa Luzia, que deu muita visibilidade para a associação e assim a EMATER nos sugeriu incluir os produtores caseiros. Com isso, mudou-se o nome, a ata, um aditivo para o estatuto e surgiu a AARTEMC.

– O que mudou para a Associação, ou seja, quando ela começou a ter mais visibilidade na cidade e também fora do município?

Com esses trabalhos começamos a ter mais visibilidade. Tanto que a EMATER nos presenteou com algumas barracas e iniciamos uma feirinha na cidade. No entanto, a feira não durou muito, mas os nossos trabalhos não pararam. Isso porque já estávamos participando de feiras fora da cidade, como a Feira do Mel que dei como exemplo. Logo depois fomos convidados para fazer oficinas no Inhotim e participamos de atividades em Igarapé, onde conhecemos a associação de artesãos de lá. Fizemos um trabalho voluntário com bonecas, para doação em um abrigo infantil, e a partir do contato, começamos a produzir a boneca de corda (que é o nosso xodozinho). Logo em seguida participamos da Lei Aldir Blanc, que nos ajudou bastante e com isso, começamos a ter mais visibilidade, tanto que fomos convidadas pelas artesãs de Igarapé para participarmos do Igarapé Sabor e também do Igarapé Bem Temperado. Também estivemos na Festa do Milho, mas nesse caso, a prefeitura abriu um edital e nós participamos por sermos documentadas. Com isso, ganhamos uma placa de divulgação por sermos os únicos de fora com tanta organização, tanto que fomos parabenizadas pelo prefeito. Ou seja, foi através dessas participações que Mário Campos ficou ainda mais conhecida.

Na imagem: a presidenta da Associação dos Artesãos e Produtores Caseiros de Mário Campos, Monica Reider.

– Foram muitas barreiras e lutas enfrentadas até tudo dar certo? Quando você entrou de fato na AARTEMC? 

A gente passou por muitas lutas, tanto que tivemos casos em que procuramos o apoio do poder público, mas não aconteceu da forma que queríamos. Mas claro, tivemos uma ajuda, porém, não total da forma que desejávamos. Há muitos anos, por exemplo, lutamos por uma sede da AARTEMC, pois uma associação tem que ter um local próprio, onde poderemos fazer, por exemplo, a casa do artesão. Lembrando que somos passagem para o Inhotim e vamos ter um aeroporto aqui perto e por isso tudo, vemos que o trabalho é importante, pois as pessoas passam por aqui. Muitas vezes elas vêm na cidade, mas usam aqui apenas como um passaredo e nesse sentido, precisamos da sede para que elas possam levar uma lembrança de Mário Campos. Quanto a minha entrada na associação, ela aconteceu, de fato, no ano de 2015 e assim, comecei a me envolver mais como artesã, ficando por dentro de tudo. Com o tempo chegamos a uma constatação clara, pois éramos conhecidas lá fora, mas não aqui em Mário Campos, já que poucas pessoas sabiam que existia uma associação na cidade. Assim, vimos que era necessário fazer com que a associação ficasse mais conhecida na cidade e do outro lado, Mário Campos mais visto em outros municípios. Desta maneira, começamos a fazer mais atividades e assim surgiu a 1ª Mostra Cultural. Tínhamos também um sonho de um projeto, onde pudéssemos fazer oficinas de artesanato e outros para as pessoas da cidade. Houve o rompimento da barragem e logo depois ficamos sabendo da multa indenizatória ao qual poderíamos apresentar um projeto. Como ninguém da cidade não apresentou e já tínhamos toda a documentação correta através da associação, aproveitamos para fazer esse sonho antigo de ajudar os cidadãos de Mário Campos se realizar. Desta maneira, a Cássia escreveu o projeto, que não é algo simples e fácil de ser feito, pois é muito minucioso. Mas nesse meio tempo de escrever o projeto, estávamos fazendo a primeira mostra para tirar, de uma vez por todas, o estigma de que a cidade era apenas um caminho para o Inhotim.

– A 1º Mostra Cultural foi um passo importante para a associação? Os moradores abraçaram a ideia?

Sim, quando a gente construiu essa mostra nós pensamos o seguinte: não vamos colocar somente os artesãos da associação. Vamos chamar outros artesãos, escritores, músicos, cantores e começamos a pesquisar através de uma lista. Assim, descobrimos muita gente talentosa e fizemos o convite para que elas participassem do evento. Fizemos uma estrutura muito bem feita através do apoio da Prefeitura, que nos deu uma ajuda, mas tivemos também outros patrocinadores que foram importantes, como a Mineral do Brasil, que imediatamente abraçou a feira. Além disso, O Lanternas, que fez as fotos que acabaram virando um calendário. Ele se tornou uma forma de mostrar a cidade além de um caminho para o Inhotim, já que aqui tem outras belezas. Aliás, o calendário fez muito sucesso, pois muitas pessoas daqui ficaram encantadas com ele, já que as fotos mostram diversos pontos da cidade. Tivemos o apoio da ITAMINAS, que mesmo sendo de Sarzedo, abraçou a causa. Além disso, muitos outros apoiadores da cidade viram que era bom ter o evento. Foi bem diferenciado e com uma programação bem diversificada. Demos como contrapartida a divulgação dos artistas, já que não tínhamos condições de pagá-los. Foi muito satisfatório ter a presença de todos os talentos escondidos e que nem sabíamos que existiam no município. Tivemos uma grande rotatividade no evento e sinceramente, superou todas as nossas expectativas. Foi uma forma das pessoas verem a cidade com um outro olhar e é isso que queremos e a AARTEMC tem o papel de fazer isso.

– Qual o grande desafio e importância de se manter o trabalho da associação em Mário Campos? Existe alguma contrapartida para o associado que está com a AARTEMC?

Primeiramente, todos os associados contribuem com uma mensalidade, mas é uma taxa irrisória, pois às vezes precisamos pagar um documento em cartório, custear um carreto para levar um material, gasolina e demais em eventos que participamos para divulgar a AARTEMC. É um valor baixo, mas mesmo assim, sabemos que é preciso dar uma vantagem para os associados, assim como o projeto conseguiu. Hoje quase todas as artesãs da associação estão conosco no Projeto Joias. Temos três que fazem um trabalho mais específico e assim elas nos ajudam. Iríamos chamar a Ivanilde, que é a pioneira na associação e que tanto fez por nós, mas por questões de saúde, ela não pode participar. Por isso, chamamos uma outra artesã que já foi do projeto para estar conosco e acabou que automaticamente ela voltou para a associação. Além dela, temos duas do bordado que já fizeram parte da associação. Tem também uma moça do feltro, que nunca fez parte da associação, mas sempre se entregou às atividades com muita expertise e por isso nós a chamamos. Essa é a contrapartida para ajudar os associados, pois você tem que ter algo de retorno a essas pessoas que se dedicam tanto ao outro. Por exemplo, fizemos algumas Ecobags e elas foram produzidas com o material da associação, por isso, mesmo uma artesã da associação não conseguindo vender muito o seu material em uma feira, nós pegamos a venda geral das Ecobags e dividimos entre as pessoas que participaram da confecção delas. O projeto abriu as portas para a AARTEMC, tanto que ele tem um prazo para começar e terminar, mas com a divulgação, vamos mostrar ainda mais a importância desse tipo de trabalho. Claro que vamos participar de mais eventos com a associação, como, o Igarapé Bem Temperado, que acontece em maio, o Igarapé Sabor e outros. Fomos convidadas pelo Expominas para participar da feira de artesanato no ano passado, mas como estava muito em cima e precisaríamos ter muito material em mãos, não houve a possibilidade, mas, mesmo assim, ficou claro que estamos no caminho certo.

“O legado que queremos deixar como associação é o de ajudar através das atividades ofertadas e ver as pessoas crescendo cada vez mais” – Monica Reider.

– Haverá uma nova Mostra Cultural da AARTEMC. Ou seja, para divulgar ainda mais os artistas e talentos da terra?

Sim! Vamos fazer outro esse ano para divulgar ainda mais os talentos da nossa terra. Porém, pensamos em mudar a data por questões de chuva e outros, pois fizemos em dezembro do ano passado. A data foi boa, mas acabou tendo outros eventos na mesma época. A ideia agora é dar mais conforto para o público e participantes da mostra, por isso, pensamos em agosto, que não é um período muito chuvoso. Lembro que tivemos um certo conforto no ano passado, porque colocamos tenda, mesas, mas agora queremos fazer mais se for possível. Além disso, vamos buscar mais parcerias e assim, mostrar para os empresários que é bom para eles também estarem conosco nesse tipo de evento. É um ajudando o outro e isso faz a diferença.

– Como é estar na associação como presidenta, tanto pelas responsabilidades, quanto pelos resultados obtidos?

Olha, tem muitas responsabilidades e não são fáceis. Confesso que tenho um estilo mais mandona, mas por que gosto de ver as coisas acontecendo e sou muito ansiosa. Acredito que as associadas estão gostando, pois não meço esforços, tanto que abracei a associação com muito carinho. Vale a pena fazer parte, pois neste trabalho vejo que existem pessoas mais animadas, algumas negativas e outras que ajudam só quando tem algo em troca. Faz parte da vida. No entanto, sempre falo que somos um grupo e que temos que batalhar, pois a associação está há muitos anos pelejando para ajudar mais pessoas e agora que estamos começando a colher os frutos de quando éramos a ARTMAC. Quem dera se as coisas acontecessem tão rápido e esse é o momento de fazer as coisas caminharem, por isso, vamos fazer um portfólio com as artesãs, mostrando o trabalho delas. Ou seja, deixar claro para as pessoas sobre quem faz a associação acontecer! Tem pessoas que estão aprendendo artesanato e vão viver disso depois, por isso, é bom mostrar que elas têm talento e não precisam ficar esperando bolsas e outros meios para sobreviver. Além disso, vejo que muitas senhoras estão hoje nas atividades para socializar e preencher um vazio. Isso é gratificante.

– Para fecharmos, qual é o legado que a associação quer deixar?

O legado que queremos deixar como associação é o de ajudar através das atividades ofertadas e ver as pessoas crescendo, até profissionalmente, através do seu esforço e da sua dedicação. Por exemplo, temos o esporte, com dança de salão e outras atividades, pois muitos jovens ficaram ociosos na pandemia e agora, eles podem aprender através das várias práticas esportivas. Enquanto eles estão fazendo esportes, eles estão longe das drogas. Esse é o nosso objetivo, tanto que vamos utilizar as quadras municipais e já alugamos outros espaços para estarmos ainda mais perto deles e mostrar que o esporte vale a pena, a droga não. O projeto é muito grande e vai deixar uma marca muito boa na cidade. Já a associação não para, pois vamos continuar em frente, fazendo sempre o melhor para todos. As pessoas estão encantadas com as atividades que estamos ofertando no momento, pois são diversos cursos e mais o oferecimento do transporte de ida e volta para casa e lanche. É difícil encontrar um local que ofereça tudo isso ao mesmo tempo e gratuitamente. Por isso, tudo o que pudermos fazer para o cidadão Mário Campense, vamos fazer, pois eles merecem carinho, conforto e acima de tudo, o melhor. É uma honra poder fazer parte de algo que está ajudando tantas pessoas.


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